sábado, 4 de maio de 2013

RETIRO ESPIRITUAL - FRATERNIDADE AGOSTINIANA



"Em meu desespero clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do ventre da morte gritei por socorro, e ouviste o meu clamor”. (Jn 2,2) 

Foi com o profundo desejo de retirar-se para o mais íntimo de si, que a Fraternidade Agostiniana, nos dias 26 a 28 de abril, vivenciou o seu retiro espiritual do semestre sob a temática da espiritualidade agostiniana de “voltar para dentro de ti mesmo” (A Verdadeira Religião. 39, 72). 

Sob a orientação de nosso assessor, Frei José Maurício da Silva, OSA, fomos conduzidos e desafiados a viver a experiência da travessia do consciente ao inconsciente, sob as luzes do livro do profeta Jonas. 

Os medos e complexos vividos por Jonas diante da missão recebida por Javé não são diferentes dos que nos aflige nos tempos hodiernos; "Vá depressa à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a minha presen­ça"(Jn 1,2). O apego à materialidade, o medo de ser diferente e de ir ao encontro do diferente, o comodismo e as tempestades vividas por projetarmos no exterior e/ou nos outros, questões que não conseguimos resolver, são sintomas de inautenticidade e que, por consequência, acabam por colocar em perigo não só a própria existência, mas também a de todos que nos circundam; “O Senhor, porém, fez soprar um forte vento sobre o mar, e caiu uma tempestade tão violenta que o barco ameaçava arrebentar-se” (Jn 1,4). 




Segundo Frei Maurício, “Jonas é símbolo responsável pelo que acontecia a si e aos outros” e, por isso, era necessário que ele não justificasse seus medos nem fugisse das questões e fragilidades humanas que eram suas. Mergulhar nas águas enfurecidas e enfrentar a si mesmo seria a chave para acalmar o mar interior; “pegaram Jonas e o lançaram ao mar enfurecido, e este se aquietou” (Jn 1,15). 

Enfrentar a Nínive interior era a grande angústia vivida por Jonas. E, somente encarando os medos, nomeando os monstros interiores e amando o inimigo que a princípio não é amar os que nos perseguem, mas amar a parte de nós que não aceitamos, é que se pode viver com coragem a grande questão provocada pelo livro: “torna-te autêntico”

Como síntese do livro, o assessor encerrou o nosso retiro dizendo que é preciso “não morrer sem antes ter vivido e não morrer sem antes ter amado”. 



O retiro fraterno de nossa comunidade foi um momento ímpar de olhar com mais ternura para o nosso interior e dialogar com as questões humanas que careciam de um olhar mais demorado. A proposta lançada de viver e cultivar no ordinário da vida a autenticidade será o grande imperativo que irá nos acompanhar no encontro comigo mesmo, com o outro e com o mundo. Que a graça de Deus nos ajude! 

Alexandre Castro
Belo Horizonte/MG

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