Thúlio Luis Ferreira é
natural de Santo Antônio do Monte, “cidade dos fogos de artifício”, estado de
Minas Gerais. Neste ano nosso irmão está vivenciando a etapa do Noviciado na
cidade de Bragança Paulista – SP, já tendo concluído o curso de Filosofia em
Belo Horizonte. Thúlio celebrou seu aniversário no dia 4 de outubro, mas nunca
é tarde para desejarmos nossas felicitações a ele e render graças à Deus por
mais um ano de sua vida. Parabéns!
1
– Como você conheceu os Agostinianos?
Conheci os agostinianos por
meio de um amigo-irmão, hoje pré-noviço, Alexandre Castro. Depois tive contato
com mais outros três irmãos: Rodrigo, Cristiano e Diego, e posteriormente com
Frei Márcio. Sou grato por tê-los conhecido.
2
– Na releitura do pensamento e as linhas de Agostinho, que aspectos da
espiritualidade agostiniana podem ser aplicados para evangelização nesses
tempos?
Certamente um dos grandes
méritos desse homem-santo é a descoberta da metafísica da interioridade como veículo
de encontro com Deus, isto é, um recolher-se àquela presença sempre presente que
é eu interior imanente para o alcance do repouso ao Outro Absoluto transcendente,
morada da Verdade. Numa civilização da imagem, do “homem exterior” que prima
pelas artificialidades, aparências e, por conseguinte superficialidades e
inverdades, o desafiante convite de visitar o “homem interior” e com isso se encontrar
com o Deus “mais interior do que o íntimo de mim mesmo e mais sublime do que o
mais sublime de mim mesmo” (Conf., III, VI, 11) é imperioso e imperativo para
quem decide viver uma existência autêntica e profunda consigo mesmo e com Deus.
Sendo assim, a conversão ao “interior” como lugar privilegiado do encontro com o
“superior” que é o próprio Deus, assume um caráter metodológico espiritual e
místico sem divorciar da razão: “E porque a Verdade não é qualquer categoria
abstrata, mas uma presença atuante no mais íntimo da mente – no reduto último
do ‘cogito’ – ela é transcendente como Existência absoluta, é Deus”. (VAZ,
Henrique Cláudio Lima. Ontologia e
História. São Paulo: Duas Cidades, 1968, p. 104.).
Além do mais, outro valor
agostiniano de considerada expressão no Vicariato da Consolação é a humanização.
Os religiosos e formandos são chamados a comunicarem em todas
as suas relações, e de diversas ordens, pressupostos de um mesmo axioma: “quanto
mais humanos, mais divinos”.
3
– Outubro, mês das missões! Partilhe conosco uma experiência de missão que
marcou sua vida vocacional.
Falei anteriormente de uma jornada
interior, agora trato de uma recente jornada-missão, de cunho exterior, a São
Félix do Araguaia. Foi uma bela experiência com as múltiplas belezas daquele
lugar: culturais, humanas, eclesiológicas, pastorais, antropológicas, etc.
Enfatizo ainda o convívio
com Dom Pedro Casaldáliga, um homem de
paixão existencial pelo Reino. Sua simplicidade, fervor místico e
responsabilidade com o povo é um efetivo e afetivo testemunho de amor a Deus e
a Igreja.
Por fim, acredito que a vida
religiosa consagrada tem por atitude ulterior a decisão de sempre ir ao
encontro, sobretudo dos sofredores e pobres, sendo, pois uma presença ativa nas
“periferias existenciais”, nos lugares de fronteira. Assumindo com coragem e
confiança em Deus as mesmas causas de Jesus.
4
– Quais são seus sonhos para o futuro?
Mesmo que sendo redundante,
meu sonho é ser arauto de utopias, é ser voz de esperança, ser olhos de
acolhida, ser mãos de trabalho, ser coração de amor, ser cabeça de diálogo. Enfim,
em tempos que carece de “ser”, meu sonho é ser-com, ser-para, ser-em.
Que Deus nos ajude a seguir
firmes e confiantes no seu Reino que é e ainda não, porque depende do nosso ser-compromisso.