É mais uma vez Quaresma! E a Palavra de Deus na Liturgia da Quarta-feira de Cinzas bem nos introduz neste tempo santo: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo vosso coração... rasgai o coração e não as vestes, e voltai para o Senhor, vosso Deus.” (Jl 2, 12-13). Ou ainda, como aponta São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.” (2Cor 6,2).
De fato, se olhamos para a história da Igreja, a Quaresma, desde a sua origem, por volta do século quarto, constituiu-se como um período de preparação para a grande festa da Páscoa do Senhor, onde o apelo à conversão e a prática penitencial se fizeram os meios mais eficazes para tal. Assim, sob uma dimensão penitencial e batismal, neste tempo toda a comunidade eclesial é chamada a renovar e intensificar a vivência do batismo, mediante a escuta atenta da Palavra de Deus e uma insistente conversão.
O jejum, a oração e a caridade consagraram-se, também ao longo da história, como obras que nos auxiliam trilhar esse “caminho de fé-conversão para Cristo, que se fez obediente até a morte de cruz.” E na Igreja do Brasil, desde 1964, vivenciamos também neste período a Campanha da Fraternidade (CF) que, atenta à realidade interna e externa à Igreja, quer ser esse “itinerário de conversão pessoal, comunitário e social” (CNBB, Texto-base CF 2013, p. 5).
Neste ano a CF tematiza a Juventude e traz como lema: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). O horizonte que se descortina ao retomar o tema Juventude nesta campanha é a convicção de que “o diálogo com as novas gerações é imprescindível para atravessarmos com segurança e com bons frutos essa impactante mudança de época.” (CNBB, Texto-base CF 2013, n. 250). E como nos aponta o Documento 85 da CNBB, Evangelização da Juventude, “dizer que para a Igreja a juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora é afirmar que se quer uma Igreja aberta ao novo, é afirmar que amamos o jovem não só porque ele representa a revitalização de qualquer sociedade, mas porque amamos, nele, uma realidade teológica em sua dimensão de mistério inesgotável e de perene novidade.” (n. 81).
Caminhando, assim, nesta direção, que a vivência dessa Quaresma e da CF 2013 nos interpele também a uma conversão pastoral, capaz de atenuar o dualismo entre teoria e práxis e “mudar as estruturas pastorais obsoletas da Igreja” (CNBB, Texto-base CF 2013, n. 238) para que ela seja, cada vez mais, sacramento do Reino, seguidora de Cristo e servidora da humanidade.
Frei Tailer Douglas Ferreira