Sempre gostei do preparar a festa! Arrumar a casa, pensar os detalhes e cuidar para que tudo transcorra da melhor maneira possível! Grandes festas exigem horas a fio de preparação zelosa! E eis que vamos nos aproximando mais uma vez de uma grande festa, aquela que dá sentido à nossa fé e nos enche de vida para levar adiante a lida cotidiana: a Páscoa de Jesus, que é também a nossa!
A Quaresma, que iniciamos nesta Quarta-feira de Cinzas, quer ser este tempo especial para nos prepararmos para a Celebração da Páscoa. A Igreja, ao longo de sua história, foi construindo de maneira sábia e pedagógica este tempo santo como um caminho pessoal e comunitário de conversão. Assim já dizia São Leão Magno, no século V:
A Quaresma, que iniciamos nesta Quarta-feira de Cinzas, quer ser este tempo especial para nos prepararmos para a Celebração da Páscoa. A Igreja, ao longo de sua história, foi construindo de maneira sábia e pedagógica este tempo santo como um caminho pessoal e comunitário de conversão. Assim já dizia São Leão Magno, no século V:
“Em todo tempo, amados filhos, a terra está repleta da misericórdia do Senhor (SI 32,5). À própria natureza é para todo fiel uma lição que o ensina a louvar a Deus, pois o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe proclamam a bondade e a onipotência de seu Criador; e a admirável beleza dos elementos postos a nosso serviço requer da criatura racional uma justa ação de graças. O retorno, porém, desses dias, que os mistérios da salvação humana marcaram de modo mais especial e que precedem imediatamente a festa da Páscoa, exige que nos preparemos com maior cuidado por meio de uma purificação espiritual.” (Sermo 6 de Quadragesima, 1-2: PL 54,285-287)*
Tal purificação espiritual de que nos fala São Leão Magno é alcançada, sem dúvidas, pela disposição sincera de cada um de nós em rasgar não apenas as vestes, mas o coração (cf. Jl 2,13), ou seja, estes quarenta dias são momento oportuno para nos despojarmos de nós mesmos e daquilo que nos limita realizar a vontade de Deus. Jejum, oração e penitência, obras quaresmais por excelência, são alguns meios para se chegar a este fim, que é começo de uma vida nova em Cristo (cf. Cl 3, 8-11).
E ao falarmos de Quaresma, no Brasil, não nos pode passar alheia a Campanha da Fraternidade (CF), que desde 1964, vem se consagrando como o maior gesto concreto deste tempo e que o ultrapassa, inclusive. Sempre atenta aos sinais dos tempos, a Igreja do Brasil, ao longo desses anos, ora busca sua própria renovação interna, ora preocupa-se com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e provendo a justiça, ora volta-se de maneira profética para situações existenciais do povo brasileiro.
Neste ano, o tema da campanha é Fraternidade e o tráfico humano e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Com o objetivo de “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da
liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate dos filhos e filhas de Deus” (CNBB. Texto-base da CF 2014, p. 8), a campanha, que tem sua abertura nesta quarta-feira, já tem sido pauta de muitas discussões e reflexões tanto no âmbito eclesial, como no meio da sociedade civil.
Oxalá como Igreja possamos contribuir “com a dignificação de todos os seres humanos, juntamente com as outras pessoas e instituições que trabalham pela mesma causa” (CELAM. Documento de Aparecida, n. 398)! Oxalá que este tempo quaresmal toque profundamente o nosso coração e, assim como Cristo, o Filho de Deus, “com Sua encarnação, uniu-se de algum modo a todo homem” (CONCÍLIO VATICANO II. Gaudium et spes, n. 22), possamos também nos unir a toda humanidade. Afinal, “O bem do outro se converte em um bem para mim. As agressões à dignidade do outro, como no caso das vítimas do tráfico humano, são, também, agressões à minha dignidade.” (CNBB. Texto-base da CF 2014, n.187).
liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate dos filhos e filhas de Deus” (CNBB. Texto-base da CF 2014, p. 8), a campanha, que tem sua abertura nesta quarta-feira, já tem sido pauta de muitas discussões e reflexões tanto no âmbito eclesial, como no meio da sociedade civil.
Oxalá como Igreja possamos contribuir “com a dignificação de todos os seres humanos, juntamente com as outras pessoas e instituições que trabalham pela mesma causa” (CELAM. Documento de Aparecida, n. 398)! Oxalá que este tempo quaresmal toque profundamente o nosso coração e, assim como Cristo, o Filho de Deus, “com Sua encarnação, uniu-se de algum modo a todo homem” (CONCÍLIO VATICANO II. Gaudium et spes, n. 22), possamos também nos unir a toda humanidade. Afinal, “O bem do outro se converte em um bem para mim. As agressões à dignidade do outro, como no caso das vítimas do tráfico humano, são, também, agressões à minha dignidade.” (CNBB. Texto-base da CF 2014, n.187).
Uma santa preparação a todos!
Frei Tailer Douglas Ferreira
Diadema/SP
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*Trecho da Segunda Leitura do Ofício das Leituras da Quinta-feira depois das Cinzas.