Já é tradição em nosso Vicariato que os noviços realizem uma experiência missionária na Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso), onde temos presença desde a década de 1980. Este ano não foi diferente! Muitas foram as expectativas e os preparativos para essa viagem. Até então, muito se ouvia dizer da Prelazia, mas faltava pisar aquele chão e experenciar realidade, ao mesmo tempo que encantadora, cheia de desafios.
Chegamos a São Félix do Araguaia na noite de 18 de setembro, após longas horas de viagem, marcadas, sem dúvidas, por grandes emoções. Uma programação bem intensa já nos esperava: visita às comunidades, às aldeias indígenas, aos assentamentos, à Associação Nossa Senhora da Assunção (ANSA), entre outras atividades. A acolhida fraterna do Frei Paulinho, que mora lá, e do Frei Alexandre, que estava também visitando a Prelazia, foi singular. Acolhida ímpar, sobretudo, foi a de Dom Pedro Casaldáliga (Bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia), que mesmo em suas limitações físicas nos possibilitou momentos memoráveis de convivência, partilha e oração.
As belezas naturais da região encantam os olhos. De fato, o Rio Araguaia traz vida para o lugar. Faz de São Félix uma cidade turística na temporada de praias, quando o nível da água está mais baixo por conta da seca. Em contrapartida, a luta contra os grandes latifundiários pela distribuição equitativa da terra, entre outros desafios, marca a conjuntura local e exige de instâncias políticas e eclesiais posturas compromissadas. Para nós, esse contexto ficou muito bem explicitado na conversa que tivemos com Dom Adriano Ciocca Vasino, atual Bispo Prelado. Segundo ele, após um ano visitando todas as comunidades, é possível traçar um perfil geral da região no que se refere às dimensões sociais, políticas, econômicas, demográficas, eclesiais etc. Ao perguntarmos a ele sobre a presença agostiniana ali, Dom Adriano ressaltou a importância do trabalho pastoral que prestamos e da colaboração que podemos oferecer no que diz respeito à memória da mística e profecia, herdada de Dom Pedro Casaldáliga.
Após tão rica experiência, questões são pertinentes a todos nós, agostinianos do Vicariato Nossa Senhora da Consolação do Brasil. Até que ponto assumimos a missão em São Félix do Araguaia como um projeto comum? O que nos impede de deixarmos nossos confortos para lançarmo-nos na construção do Reino em realidades tão desafiadoras? Será que estamos levando a sério nossa consagração como religiosos? Onde está a paixão por Jesus e seu Reino? Somente os corações sábios, que não falam a partir da revelação, mas a partir da experiência, poderão responder.
Bragança Paulista/SP
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