terça-feira, 24 de abril de 2012

CONVERSÃO DE NOSSO PAI SANTO AGOSTINHO


Conversão é sempre uma mudança, é um cambio de direção, ou, como comumente tratamos no meio católico, é uma metanóia. Ou seja, esta é uma mudança de pensamento, de atitude.

É, pois, com esses termos que tratamos a conversão de Aurélio Agostinho ao cristianismo. Ao longo de muito tempo esta foi enquadrada em esquemas rígidos e num estilo literário que o descrevia como um glutão e extremamente promíscuo, que apenas pelas lágrimas de sua mãe se converteu, de repente, e se transformou num santo. Devemos, no entanto, compreender a conversão de Agostinho como um grande processo que durou toda a sua vida não comportando apenas um fato isolado.

Ele nasceu em 13 de novembro de 354, e foi um inquieto em busca da verdade e da sabedoria. Desde a leitura que fez do livro Hortênsio, de Cícero, passou a buscar a sabedoria de uma forma mais aguçada. Quando adulto ele reconhecerá que esta busca era por Deus.


Deus não lhe era uma figura estranha, sua mãe Mônica lhe havia instruído na doutrina cristã, a tal ponto de que, ainda criança, Agostinho tenha sido catecúmeno e tenha pedido o batismo por ter sido acometido de uma enfermidade. Entretanto, apesar de ter recebido o sal e o sinal da cruz não chegou a ser batizado.

O batismo de Agostinho foi adiado, por isso é certo dizer quer ele tinha fé, mas haveria de viver um processo longo para descobrir qual é a verdadeira profundidade e raiz da fé em Cristo.

Contudo, em sua busca pela sapiência esteve envolvido com a astrologia, com o maniqueísmo, com os acadêmicos, além de um itinerário pessoal de descoberta do mundo.

Agostinho vai estudar em Cartago em sua juventude, e lá encontra-se com uma nova realidade: uma grande cidade e a efervescência de suas paixões. Novas oportunidades, um novo crescimento intelectual, abertura aos estudos, e um distanciamento do cristianismo.


Por isso é justo recordar que além da influência materna, há a grande influência de Ambrósio, bispo de Milão. Este era um grande orador, homem influente e inteligente, sendo capaz de conquistar Agostinho, coisa que o bispo maniqueu Fausto não foi capaz. Foi Ambrósio que aproximou Agostinho da leitura alegórica da Bíblia, e lhe batizou na vigília pascal de 387. Redescobrir a Bíblia foi um grande passo de Agostinho, que em sua juventude havia tido um frustrante contato com as Sagradas Escrituras, em sua maturidade descobrirá que na singeleza das escrituras há grandes lições.

Mesmo depois de batizado, Agostinho continuou em sua busca inquieta por Deus, reuniu outros amigos e iniciou uma vida monástica na África, buscando

compreender para crer, mas crendo para compreender. Ele foi capaz de entender que a busca por Deus não se faz só, mas em Fraternidade. Por fim, a vida pastoral de Agostinho lhe mostrou que a conversão também se dá através do serviço que prestamos a Deus, servindo à sua Igreja – povo santo e sacerdotal. Agostinho foi ordenado sacerdote, e depois consagrado bispo de Hipona, na região da atual Argélia.


Agostinho deixou ao mundo inúmeras obras filosóficas, teológicas, homiléticas, entre outras. Destacam-se as suas Confissões, que representam um novo gênero na transição da idade Antiga para a Média, que mescla filosofia, teologia e autobiografia. É em suas Confissões que Agostinho louva a Deus, não reduzindo este gênero literário a um relato de pecados. Quando se confessa Agostinho buscar entender o que é o pecado e o por quê de o cometermos, e como a graça de Deus se manifesta ao longo de toda a nossa vida, não obstante nossas fragilidades.

Agostinho é atualíssimo, pois suas inquietudes perpassam também aos homens da modernidade. Não se pode, pois, desprezá-lo compreendendo-o como um filósofo superado, antes devemos resgatá-lo e redescobri-lo. Descobrir um Agostinho que está escondido em suas obras e naqueles que buscam viver segundo seu espírito. Sem atualizações arbitrárias, é verdade, mas reconhecendo o valor do doutor da Graça, do bispo trabalhador, do filósofo da linguagem, do teólogo, do pregador, do ser humano ao qual hoje chamamos santo, que descobriu no seu interior a verdade: Deus, a causa suprema da felicidade dos homens.


Celebramos a festa da conversão de Santo Agostinho a 24 de abril, 
data que rememora seu batismo em Milão.

Frei Luis Hernandes Matos Leite, OSA
Bragança Paulista/SP

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