A infelicidade é, segundo De Beata Vita, a privação ou o medo de perder o possuído. Quem não tem o que quer não é feliz, mas não basta apenas possuir o desejado, senão é necessário que aquilo que se deseja seja o bem (boas coisas). Não pode ser feliz quem não tem o que quer, nem quem tem receios, nem aqueles que não possuem a Deus.
A conclusão que se chega sobre o que é a vida feliz é a comunhão com a Trindade. (Agostinho escreveu ainda uma obra sobre a Trindade, De Trinitate.) Não possuímos a plenitude enquanto estivermos na busca de Deus, quando nos saciaremos, ou quando o nosso coração achará repouso.
Toda a questão dessa obra é baseada no questionamento a respeito do que seja a felicidade, e também se é possível o homem logre uma vida feliz. No período em que escrevera De Beata Vita, Santo Agostinho, ainda estava no início de sua adesão ao cristianismo, e, portanto não utilizou-se de muitas passagens bíblicas, atendo-se basicamente ao que aprendera em seus estudos, citando ditados populares e de renomados poetas, além de lógica, e metáforas.
Ele utiliza-se desses elementos para levar seus interlocutores a uma prática filosófica, que permita a junção entre filosofia e cristianismo, na esteia do que fizeram, antes dele, os apologistas cristãos, como Justino, Atenágoras e especialmente o grande Orígenes.
Luis Hernandes Matos Leite
Belo Horizonte/MG
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