..::::O que é ser santo?::::..
Ser santo, questão ou divagação? Muita das vezes me pego divagando nesse questionamento, diante de tantos exemplos eu me debruço, contemplo e oro com os ícones e com as histórias heróicas daqueles que fizeram uma trajetória de amor entre acertos e erros, no entanto não deixaram o caminho, muitos deles tinham temperamentos tempestuosos, outros mais amáveis, outros mais determinados outros mais temerosos, uns intelectuais e outros nem tanto, no entanto o que os liga é o amor pelo Cristo.
Cristo, quem são esses e essas? Que todos os dias encontramos ao acordar, ao pegar o ônibus, na faculdade, ao sair ou chegar em casa, que muitas vezes passam despercebidos. Um dia caminhando por São Paulo eu escutei de um irmão de comunidade “esses invisíveis eram “Cristos” na rua dormindo ao sol devido alguma droga e quantos “Cristos” são invisíveis a nós”.
O santo quem é? Jesus no Evangelho de Mateus (25, 31-32ª. 34-40) nos convida a ser santos no serviço e na doação ao outro, mas não confundir com assistencialismo ou para manter aparências sociais, pois no mesmo Evangelho, no capitulo 7, depois de enumerar vários feitos de serviços ao próximo, Jesus diz “Não vos conheço; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”, pois ele deseja um coração desinteressado, de um amor convicto e humilde.
A santidade nas minhas reflexões está ligada ao tripé de salvação, do Amor a Deus, do amor ao próximo (a) e do amor a si, se uma desses estiver doente não conseguimos continuar no caminho, não é ser perfeito, mais não desistir da perfeição, devido ao verbo que se encarnou e ser tornou homem para tornar o ser humano divinizado. Muitas vezes deixamos essa certeza escorregar por entre nossos dedos e nos tornamos vaidosos, orgulhosos e egocêntricos.
O santo é aquele que descobre dentro de si o Deus que é a razão do viver, como diz Santo Agostinho; o santo está na entrega ao martírio por sua fé e pelos outros, como santa Madalena de Nagasaki; no exemplo de caridade como santo Tomás de Vila Nova; na devoção eucarística estimada por São João de Sahagún, ou da mística viva de Santa Clara de Montefalco;
No entanto todos tinham uma indescritível ligação que é um grande apreço pelos mais necessitados, seja os de necessidades materiais ou os espirituais, por terem encontrado o Cristo que professavam no outro e em si. Nessa dialética, me encontro no outro e encontro no outro o Cristo e no Cristo encontro o outro e a mim, sempre foi o caminho de santidade.
Será que nós queremos esse caminho entre tantos caminhos que colocamos a nossa frente?
Pois o primeiro chamado é o de ser santo, os outros é só como realizar essa vocação primeira e penso que nossa sociedade precisa urgentemente de santos, pois isso se tornou “démodé”, brega e cafona. Por isso devemos criar uma santidade mais ativa, mais presente, mais refinada e criativa. Para que o mundo perceba que outro mundo mais divinizado ainda é possível, livre de preconceitos, de exploração, de autoritarismo e de subjugação em que os direitos de vida e vida em abundancia sejam para todos.
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Daniel Maia da Silva
Belo Horizonte/MG
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