sexta-feira, 25 de junho de 2010

A VIDA FELIZ - Parte I

>>>Aurelius Augustinus, hoje Santo Agostinho, nasceu no norte da África, em Tagaste, em 354. Filho de pai pagão e mãe cristã; estuda inicialmente em sua cidade natal, depois parte para Cartago aos 17 anos, onde prossegue seus estudos. Retorna aos 20 para Tagaste, na qual atuará como professor. Depois direciona-se a Roma, a contragosto de sua mãe Mônica, e de lá segue para Milão.
>>>Em Milão receberá a cátedra de retórica da casa imperial, e trabalhará como professor de retórica. Nessa mesma cidade conhecerá Santo Ambrósio, que o admitirá a fé cristã-católica a partir da administração do batismo, no ano de 387.

>>>Santo Agostinho viveu um processo de emancipação, por isso alguns de seus escritos propõem-se a combater heresias, que outrora fora adepto, seja a maniqueísta, que percebia uma dualidade entre o bem e o mal, admitindo-os como duas naturezas; seja o ceticismo, que não acreditava que se pudesse conhecer com certeza as coisas; e a defender o cristianismo a partir de uma perspectiva filosófica.
>>>A questão da felicidade, ou seja, a beatitude, perpassa Agostinho durante toda a sua vida, essa dimensão é percebida mesmo em sua tão famosa frase
“Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração,
enquanto não repousa em ti” (Confissões, Livro I, 1).

>>>Após seu processo de aceitação da fé católica, ainda antes de seu batismo, no seu aniversário de 32 anos, em 13 de novembro de 386, reúne alguns amigos para as comemorações de seu natalício, que durará três dias, o que propiciará colóquios que gerarão certas obras, dentre elas A Vida Feliz, sobre a questão da felicidade.

>>>Estavam reunidos Agostinho, sua mãe Mônica, seu filho Adeodato, Alípio seu amigo, Licêncio e Trigésio seus concidadãos e discípulos, Navígio seu irmão, Lastidiano e Rústico seus primos, numa chácara cedida por um amigo chamado Verecundo, em Cassicíaco – vila próxima a Milão.

>>>O nono livro das Confissões é cita esse momento, e mostra a reflexão de Agostinho sobre Verecundo, que ainda não era cristão, mas que lhe oferecera generosamente sua propriedade pelo tempo que fosse desejado, segundo palavras do próprio santo. Agostinho se refere a sua estada em Cassicíaco como um repouso em Deus, longe do fervilhar do mundo.

>>>Para os filósofos antigos a felicidade consistiria na posse do “bem supremo”, que seria o desenvolvimento das aptidões que diferenciam os homens das demais coisas. Já para Agostinho, em A Vida Feliz, o conceito de felicidade seria o conhecimento pleno de Deus.

>>>Por isso, ele e os seus reunidos na sala de banhos da chácara de Verecundo, onde a temperatura seria agradável para o tempo que se fazia naquele outono, dissertaram sobre a felicidade; desde se quem possui o que quer é feliz, sobre a posse de Deus, sobre quem possui a Deus, sobre a possibilidade de os acadêmicos (céticos) serem felizes, à felicidade como plenitude espiritual.
>>>>>>>>Continua...


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Luis Hernandes Matos Leite
Belo Horizonte/MG

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