Rita de Cássia é uma das santas mais admiradas, pelo seu extraordinário exemplo de esposa e mãe, depois como viúva e enfim como religiosa agostiniana. A sua intercessão é tão poderosa que os devotos a chamam de "santa das causas impossíveis, advogada das causas desesperadas". Afinal, ela experimentou na vida o impossível, tornando-se possibilidade pelo poder que vem da Cruz.
O nascimento de Margherita, abreviado carinhosamente por Rita, já é uma prova que para Deus nada é impossível (Cf. Lucas 1, 37). Isto porque o nascimento de Rita, dado no dia 22 de maio de 1381, na região da Úmbria, província da Itália que deu à Igreja santos como Santa Clara e São Francisco de Assis,só foi possível graças às orações fervorosas de seus pais, Antônio e Amada Mancini, que já eram de idade avançada e sem prole.Estes, pobres que eram, legaram à filha as riquezas imperecíveis de uma boa educação, fundada nos princípios da fé e da moral cristã.
Desde pequena revelou profunda devoção à Maria Santíssima e, dentre outros santos, a Santo Agostinho. Tanta devoção que, inspirada na vida de tal santo, o desejo ardente de Rita era entrar na Ordem Agostiniana, a fim de viver exclusivamente para Deus. Mas seus pais, levados por motivos de ordem material e pelo fato de poder ter uma descendência desta sua filha única, tomaram uma atitude diante do projeto vocacional de Rita que,para se conformar aos desejos dos pais, teve que contrair núpcias com o jovem Paulo Ferdinando, que inicialmente além de aventureiro fora do lar, dentro de casa foi o esposo grosseiro, impertinente, irascível e violento.
Longe de se exasperar ou abandonar o lar, elevava suas orações a Deus para alcançar a conversão do companheiro. E devido a graça que vem do Altíssimo, juntamente com a confiança e paciência inalterável de Rita, levaram o marido a uma mudança sincera de suas más atitudes dentro e fora de casa. Mas, depois de dezoito anos de casada, veio o desenlace que ela não desejava: o marido foi assassinado. Porém, mesmo viúva diante um crime tão horrendo, Rita não hesitou em mostrar aos dois filhos gêmeos, João Tiago e Paulo Maria, os deveres de caridade cristã de perdoar, assim como Deus perdoa. Mas os mesmos teimavam no espírito de vingança. Então, a mãe aflita, preferindo vê-los mortos que transgredindo a lei divina, pediu a Deus que mudasse o coração dos filhos ou os levasse para si antes de se mancharem com um crime ainda maior. Morreram ambos, dizimados por uma peste que arrasou a Europa naquela época.
Viúva e sem filhos, Rita dedicou-se ao socorro dos pobres e enfermos, ajudando a uns e outros, com alimento, visita, conforto e trabalho. Mas o que ela queria mesmo era realizar o projeto de tenra juventude: consagrar-se a Deus na Ordem das Agostinianas. Numa inquietude de coração em responder ao seu chamado, Margherita bateu à porta do convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia, para tornar-se religiosa. Mas a superiora declarou não poder admitir uma viúva numa comunidade reservada exclusivamente às virgens. Todavia, Rita não desanimou, pois quando tudo parece se fechar, Deus abre uma nova porta. Envolvida por tamanha fé, na impossibilidade humana, mas na possibilidade divina, certa madrugada, a denominada santa das causas impossíveis foi encontrada pelas freiras, rezando na capela do Mosteiro, com portas e janelas fechadas. A Madre Superiora viu naquele fato um desígnio do céu e admitiu-a como irmã.
Certa vez, já gravemente enferma, vivendo num pobre leito, no fundo de uma humilde cela, Irmã Rita recebeu a visita de sua prima. Pediu a esta que fosse até sua antiga casa em Roccaporena, apanhasse e trouxesse uma rosa de seu jardim. A tal prima, apesar de saber da impossibilidade de encontrar a rosa, já que estavam passando por um rigoroso inverno, resolveu atender ao pedido de Rita. Mas para a sua surpresa, chegando ao jardim, foi possível encontrar uma linda rosa, que levou imediatamente para o convento.
Encontrando-se cada vez com uma saúde mais frágil, Irmã Rita teria passado a contemplar ainda mais o crucifixo, pedindo a Cristo a graça de sofrer com Ele as dores dos estigmas que tornou possível a aurora de uma nova esperança para os que creem. Assim, após caminhar para uma semelhança sempre mais perfeita ao Crucificado na via da humildade e obediência, um espinho desprendeu-se da imagem e fincou-lhe na fronte, abrindo uma chaga na sua testa mostrando “a autenticação da sua maturidade cristã. Na cruz com Jesus, ela de certo modo formou-se naquele amor, que tinha conhecido e expresso de maneira heroica entre as paredes da casa e na participação das vicissitudes da sua cidade.” (Papa João Paulo II, em seu discurso sobre os cem anos de canonização de santa Rita).
Após sua morte, ocorrida em 22 de maio de 1457, os relatos de seus milagres espalharam-se, bem como o culto à sua pessoa, que se estendeu sobre várias partes. Porém, foi a partir de sua beatificação, em 1628, que seu culto teria tomado um novo incremento, espalhando-se pelo mundo católico. Em 1900, ocorreu a sua canonização e, em face dos sofrimentos e das provações passados por ela, como esposa, mãe, religiosa e, ainda, em razão dos milagres obtidos por sua intercessão, foi-lhe conferido o título de Advogada dos Aflitos ou Protetora das Causas Impossíveis. Pois, o Deus no qual Santa Rita advoga e roga, sempre abre caminhos para que o melhor aconteça para aqueles que confiam. Porque quando o impossível se levanta, Deus o torna possível; quando não há possibilidade, Deus faz o milagre!
SANTA RITA, ADVOGADA DAS CAUSAS IMPOSSÍVEIS,
ROGAI POR NÓS!
Frei Rafael Bruno Ferreira, OSA
Bragança Paulista/SP
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REFERÊNCIA:
ORDEM DOS AGOSTINIANOS RECOLETOS: Província Santa Rita de Cássia. A história de Santa Rita de Cássia. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2012.
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