segunda-feira, 12 de julho de 2010

A VIDA FELIZ - Parte II

“Há uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem por puro amor: essa alegria és tu mesmo [Deus]”
 SANTO AGOSTINHO, Confissões, Livro X, 22, 32.


Nesta Obra, que na língua latina se chama De Beata Vita, Santo Agostinho afirma que a sabedoria é certa “medida” espiritual. Esta não é abundante ou supérflua nem escassa ou indigente. Porém, antes de chegar a essa afirmação, Agostinho introduz questionamentos e envolve seus interlocutores na busca por uma definição de felicidade. Ele utilizará o conceito de medida espiritual ou da alma para levá-los a reconhecer em Jesus a verdade, e nessa verdade a Suma Medida.

Agostinho entende que a Suma Medida se identifica com a sabedoria, e desse modo baseando-se na autoridade das sagradas escrituras passa a compará-la com o próprio Cristo, assim sendo, Jesus é a Sabedoria. Ainda, na perspectiva do diálogo se considera necessário a posse da sabedoria para se chegar à felicidade.

Durante o diálogo percebe-se como Agostinho utiliza-se do tema da felicidade para refutar os acadêmicos, num outro momento ele escreverá a obra Contra Acadêmicos, que acreditavam ser impossível chegar à verdade das coisas, aqueles que por ventura acreditarem que não se pode chegar à verdade como os céticos, perfeitamente poder-se-á dizer que não poderão chegar à vida feliz. Por isso, é tida a discussão sobre a posse da felicidade por parte deles. Conforme Étienne Gilson: “Se a sabedoria implica a beatitude, e se a beatitude implica a Deus, o cético não poderia possuir nem Deus, nem a beatitude, nem a sabedoria.”


Prosseguindo, Agostinho retrata seu itinerário filosófico de tal modo que depois de ser, segundo ele, agitado por tempestades passa a conduzir seu barco ao porto da tranquilidade. Nessa mesma linha, o que diz Gilson é que “a sabedoria, objeto da filosofia, sempre é confundida por ele (S. Agostinho) com a beatitude. O que ele procura é um bem cuja posse satisfaz todo desejo e, por consequência, confere a paz.” Portanto, a busca da felicidade, é também a busca da paz. O coração inquieto agostiniano é um coração que busca a sabedoria, e o repouso em Deus, cujo aqueles que o possuem plenamente são felizes.
*Continua...
Luis Hernandes Matos Leite
Belo Horizonte/MG

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